Juliana Romagnoli
SE VOCÊ TEM A MENTALIDADE OBNUBILADA PELO CONSERVADORISMO E PELA INCAPACIDADE DE COMPREENDER METÁFORAS, NÃO LEIA ESTE TEXTO.
A produção OSCARIZADA dinamarquesa, de Thomas Vinterberg, protagonizada pelo espetacular Mads Mikkelsen - o Hannibal Lecter da série (maravilhoso em TODAS as perspectivas!) - é CATARSE, É HUMOR MELANCÓLICO, É CONSTATAÇÃO de ESVAZIAMENTO EXISTENCIAL e de BUSCA pelo preenchimento dessa LACUNA.
O ENREDO, para os de VIÉS REFLEXIVO RESTRITO, sugere ode ao álcool. Isso porque a narrativa gira em torno de 4 amigos notoriamente desvitalizados pela dinâmica do existir/do funcionar. Os parceiros, então, decidem testar - como se fosse a última dança (parênteses para a cena final de Mads!) - um experimento em que a ingestão monitorada de álcool é capaz de torná-los mais criativos, alegres, aceitos. A inspiração é oriunda da tese real de Finn Skårderud, psicólogo norueguês que defende a crença de que o ser humano nasce com um défict de álcool de 0,05%, o que, caso suprido, geraria produtividade e entusiasmo.
Apesar de a bebida ser o centro gravitacional de todas as ações, a história lida com questões inerentes ao envelhecimento, ao preconceito geracional; lida com a realidade de professores que são alvos da apatia de seus alunos, com a força da amizade, entre outros aspectos igualmente importantes.
Para um tema objeto de tanta moralidade quanto o do álcool, essa manobra soa subversiva, em especial porque a premissa de esse ser o ESCAPE é perigosa e pode não oferecer um caminho de ganhos, e sim de tragédias irremediáveis (aqui vos fala a filha de um pai alcoólatra). Acontece, porém, que DRUK é um filme POTENTE porque nos DESINSTALA. Druk é, SOBREMANEIRA, uma produção EXISTENCIALISTA, amigos, – não por acaso cita Kierkegaard em mais de uma ocasião. Para o pensador, a angústia - sentimento que perpassa a narrativa de DRUK, mas com toques risíveis - é caminho para o estágio de autoconsciência, nublado pelo automatismo e imediatismo do viver. Assim, ainda que doída, a "angst" possibilita o libertar, o que, de formas diferentes, acontece com os personagens inseridos na experiência etílica do filme.
As perguntas que INCOMODAM, para tanto, tais qual UMA COCEIRA PERSISTENTE, ao fim do filme, são duras. É possível VIVER sem ADOECER psicoemocionalmente? É possível RESSIGNIFICAR A TRAJETÓRIA, mesmo com tantos dissabores? Temos CONTROLE de nós mesmos, ou, apenas, ACHAMOS que temos? Deixo a resposta para vocês.
Não colocaram quem é Juliana Romagnoli
bem interessante