Amores Verdadeiros

Por Aretha Soyombo

Apesar de o livro mais famoso de Taylor Jenkins Reid ser “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” que também é muito bom, eu considero “Amores Verdadeiros” o meu favorito. Ler esse livro em um ano que eu terminei um relacionamento, em um ano de pandemia, em um ano que foi meu primeiro ano como professora de um colégio, em um ano que eu comecei meu processo de autoconhecimento de uma forma muito intensa, em um ano que eu estava (ainda estou by the way) muito reclusa me ajudou a perceber que reflexões sobre tudo são normais e até essenciais e que está tudo bem em mudar. Me fez perceber que mudanças são necessárias e importantes. E que amores, quando é amor, são sempre verdadeiros.

A primeira vez que as meninas do Grita me chamaram para uma parceria foi para gravar um vídeo sobre relacionamentos. Eu tive outros relacionamentos, que não chegaram a ser um namoro, mas que pareciam certos em alguns momentos da minha vida, e outros que nunca pareceram certos, mas que depois de um tempo eu comecei a entender que era necessário mesmo ter vivido aquilo da forma como foi.

“Amores verdadeiros” conta a historia da Emma Blair, uma mulher na faixa dos 20 e tantos quase 30 anos, não me lembro ao certo, que se casou com o namorado da época do colegial. Os dois tinham um relacionamento ótimo, viajavam o mundo todo com trabalhos que davam para eles a possibilidade de estarem em qualquer lugar do mundo, a Emma inclusive tinha pavor só de pensar na ideia de ficar para sempre na cidade natal dos dois. Enfim, tudo ia como o planejado até que uma tragédia acontece depois de um ano que eles estão casados e o Jesse, marido da Emma, é dado como morto. De uma hora para a outra nossa protagonista se vê sem o amor da sua vida. Com tudo isso acontecendo, Emma decide voltar para a sua cidade natal e decide reconstruir sua vida, e é nesse momento que ela reencontra Sam, um amigo antigo do colégio, e percebe que não é impossível se apaixonar de novo. Mas como a vida é uma loucura ela descobre que, guess what? Jesse não estava morto. Não só estava VIVO, como esse homem volta para a vida de Emma depois de 3 anos. E agora josé? Isso tudo está na contracapa do livro, não é um spoiler, não fiquem com raiva de mim.

Bom, como eu falei, eu li “Amores Verdadeiros” no final do ano passado e fiquei muito reflexiva sobre como o livro aborda o conceito de “amor”. O que é o amor? Depois de alguns relacionamentos, amorosos, de amizades, familiares, eu fiquei um tempo refletindo sobre o que é o amor em qualquer âmbito. Além disso, fiquei pensando na maneira como eu lido com o amor, com paixão e com mudanças, com términos, com recomeços. Eu sei que sempre fui uma pessoa muito controladora, apesar de ser zero organizada no modo tradicional da palavra, eu sempre tentei mais ou menos projetar como seria minha vida, onde eu queria estar depois que terminasse a faculdade, onde eu iria trabalhar e enfim, as coisas na nossa vida acontecem de um jeito louco, e vontades e desejos que tínhamos 3 anos atrás, às vezes, não fazem mais sentido.

Para dar um exemplo para vocês, eu entrei na faculdade com o sonho de ser tradutora, de trabalhar em editora, depois de um tempo eu vi que eu tinha pavor disso e que não queria isso para minha vida. E com 20 anos eu tinha o sonho de ser professora de redação, porque era com o que eu estagiava na época, então queria dar aula nos melhores cursinhos e achava que só assim eu seria bem sucedida, porque era a única coisa que eu sabia fazer. Até que eu terminei a faculdade, perdi meu estágio, não tinha emprego nessa área fiquei com 22 anos perdida pensando “meu Deus como eu vim parar aqui eu só tenho 6 anos”. Fui para os Estados Unidos passar um tempo lá, e como me formei em Letras-inglês pensei: ok, vou dar aulas de inglês. Eu nunca tinha trabalhado diretamente com isso até então. E hoje, em 2021 depois de 2 anos trabalhando como professora de inglês, eu nesse momento que me encontro, não me vejo fazendo nada além disso. Algumas coisas mudaram de 2021 para cá, mas eu ainda me encontro no processo de saber se é o que eu acho certo para mim, ou não e talvez não venha ao caso falar ainda sobre isso nesse texto, quem sabe num próximo? No entanto, o que eu quero dizer com isso é que nossos anseios, desejos, vontades realmente mudam muito em questão de tempo. E ler “Amores Verdadeiros” me fez perceber que é sobre isso e tá tudo bem. Que às vezes algo que parecia certo naquele momento, depois de um tempo já não é mais o certo para você, não faz mais sentido para aquele momento que você se encontra na sua vida.

Antes de terminar o texto de vez, queria falar que uma das coisas que passam despercebidas por alguns leitores que leram o livro, é a relação familiar da Emma que eu achei muito bonito e muito legal como as relações com a família dela vão mudando ao longo da vida da protagonista. Ou seja, o foco não é SÓ no triângulo amoroso Jesse>Emma>Sam.

Enfim, esse texto, foi uma semi-exposição da minha vida, mas quis escrevê-lo para falar para você que talvez se encontre perdida/perdido, meio sem rumo, que isso é normal, que mudanças, términos e recomeços são processos que precisam ser vividos e que depois a gente sempre olha para trás e pensa: tinha que ter sido assim.