por Beatriz Rodrigues e Izabel Baccarini
Ser feminista é lutar pela vida, mas ainda assim muita gente tem uma ideia errada sobre o movimento. Por isso, a gente precisa entender alguns mitos e estereótipos criados em cima do feminismo. Sabemos que existem várias noções erradas sendo difundidas e isso é super conveniente pra manter as estruturas sexistas do jeitinho que elas estão.
Mito 1 - Pra ser feminista você não pode se depilar, usar maquiagem, ser dona de casa, querer ter filhos...
Esse é o mito mais difundido por aí né? Não existe isso de pode ou não pode dentro do movimento! Ninguém tá ditando regras e não existe um padrão do que é feminista na vida privada. Você pode e deve fazer o que quiser (com limites, é claro). A questão é entender tudo que está por trás do seu “querer”. Será que a gente nasce rejeitando os pelos da nossa perna, achando que só ficamos bonitas de maquiagem, se sentindo na obrigação de realizar todos os cuidados da casa, querendo ser mãe? Não, a gente é socializada para achar isso. É um processo entender essa socialização, e de nada importa se você vai continuar se maquiando, se depilando, cuidando da casa, desde que isso possa ser uma escolha. E raramente é né? Não é sobre você, é sobre a estrutura.
Mito 2 - O feminismo é sobre odiar homens, sendo o equivalente ao machismo.
O feminismo não tem nada a ver com odiar homens, nem negar sua importância ou seus direitos e muito menos oprimi-los, e por isso está completamente errado quando falam que feminismo é machismo ao contrário. Feminismo é sobre rejeitar o ódio às mulheres e a opressão que sofremos diariamente. Você pode gostar de homens, namorar homens, admirar homens. Inclusive é muito importante que os tenhamos como aliados na luta conjunta contra o sexismo.
Mito 3 - O feminismo é sobre amar todas as mulheres
Feminismo não tem nada a ver com ter que gostar de toda mulher. Você apenas precisa entender que aquela mulher também está inserida em uma estrutura machista e tentar não reproduzir a famosa rivalidade feminina. É aprender a ter empatia pela luta e apoiar mulheres.
Mito 4 - Se uma mulher está em um lugar de liderança ou fora de certos padrões (como não querer ter filhos, por exemplo), ela é automaticamente feminista.
Precisamos entender que feminismo não é um estilo de vida! Esse pensamento diminui o feminismo a uma coisa banal. Ele é um movimento, é preciso estudo e além disso, ação. Nesses casos, pensamos que, se a mulher é “empoderada”, então é feminista, mas esquecemos que o conceito de empoderamento é coletivo, e não individual. Não adianta uma só mulher sair de um certo padrão, porque existe toda uma estrutura que é mantida. Inclusive, essa mesma mulher é capaz de reproduzir comportamentos sexistas e ocupar um local de opressão.
Mito 5 - O feminismo é desnecessário porque somos todos iguais e devemos pensar em um movimento para “seres humanos”, sem divisões.
Falar isso é desconsiderar que existe um motivo específico que oprime especificamente mulheres. Onde já se viu tratar uma doença sem saber o motivo dela e sem nomeá-la? Com os movimentos sociais é a mesma coisa. Para mudar a sociedade, precisamos reconhecer que não partimos todos do mesmo ponto e existem grupos que sofrem simplesmente por serem o que são, como é o caso das mulheres, pessoas negras, pessoas LGBTQI+... Não adianta negar que as desigualdades existem, e falar em “direitos humanos” sem falar em demandas específicas não muda as estruturas. Isso não divide ninguém, o que divide são as opressões que já existem.
Não deixe os mitos falarem mais alto que a verdade! Vamos juntas entender e divulgar o que é o movimento feminista, de verdade, sem preconceitos.
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