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“Femvertising”: avanço ou estratégia

Atualizado: 6 de jul. de 2021

por Beatriz Rodrigues


Parece que a nova onda da publicidade é enaltecer a mulher e questionar os papéis de gênero, é o tal do "femvertising". Essa postura recente é a base da transformação de várias marcas que foram questionadas pelos seus estereótipos machistas, como a Skol. Será que isso é um sinal de que estamos tão evoluídos nos debates sobre machismo que até mesmo as empresas estão se tocando para o assunto?


Nossa aposta é que raramente as empresas fazem isso por serem "boazinhas", por crença ou algum valor feminista, até porque pouco mais de 10% da criadoras das propagandas são mulheres (segundo pesquisa do Instituto Patrícia Galvão) e a gente já sabe que, dentro das empresas - principalmente em cargos de gestão -, a maioria esmagadora são homens. Então, por que pregar um "girl power" sendo que as empresas não estão interessadas nem em criar uma política interna de igualdade de gênero? Provavelmente, por lucro mesmo. Não dá mais pra ignorar esse contingente consumidor feminino enorme, que claramente não está satisfeito em ser colocado nos anúncios como duas únicas coisas: a sedutora de homens ou a dona de casa empenhada.


Mesmo assim, pode ser que a tendência de propagandas menos preconceituosas tenha uma luz no fim do túnel. Isso pode significar que os debates anti-machistas estão crescendo e chegando ao ouvido dos "poderosos", que, mesmo sem concordar, estão sendo obrigados a propagar ideias mais progressistas para não perder consumidores e consumidoras engajadas. Além disso, pode ser que as próximas gerações não cresçam com valores machistas tão enraizados, diferente de nós, que convivemos tanto tempo com propagandas que sexualizam, diminuem e estereotipam as mulheres.


Claro que ainda ficamos com o pé atrás, afinal, quem garante que esses discursos não vão simplesmente ser esvaziados, como a maioria das coisas que se tornam "mainstream"? Será que as pessoas vão entender que, no final, não adianta um "girl power" sem igualdade salarial, sem lideranças femininas, sem políticas contra o assédio no trabalho? Precisamos, no fim de tudo, de ações, não só palavras bonitas.


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