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Pandemia e maternidade

por Beatriz Rodrigues



O que mudou e por que o peso [continua] sendo maior para as mães?


Com a pandemia e a necessidade do isolamento social, somada ao fechamento das escolas, creches e centros de apoio, às mães, principalmente mães solo e de periferia, ficaram abandonadas à própria sorte. Quem cuida de quem cuida todos os dias?


Em primeiro lugar, sabemos que as mulheres mães enfrentam um beco sem saída economicamente. Quando há possibilidade de trabalho remoto, elas enfrentam uma jornada ininterrupta: trabalho doméstico, filhos, trabalho externo, 24 horas por dia. Mas nos empregos que não há possibilidade do remoto, onde e com quem ficariam as crianças?


Resultado: Cerca de 7 milhões de mulheres deixaram seus postos de trabalho no início da pandemia, 2 milhões a mais do que o número de homens na mesma situação, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) realizada pelo IBGE em 2020.


A pergunta que fica é: como essas mães vão se sustentar? Spoiler: com o auxílio emergencial que não vai ser.


Essas mulheres ainda enfrentam dificuldades relacionadas à divisão sexual do trabalho. Já sabemos que o trabalho doméstico e o cuidado dos filhos e da casa são forçados às mulheres, e agora na pandemia isso é ainda mais evidente. De acordo com dados da Pesquisa do Observatório Febraban e do Ipespe de 2020, 68% das mulheres limpam a casa durante a pandemia, contra 23% dos homens. São elas também que majoritariamente preparam refeições (68%) e acompanham a vida escolar dos filhos (71%). Apenas 24% dos homens preparam as refeições e só 19% acompanham a vida escolar dos filhos.


Enquanto para os homens pouco mudou (rotina trabalho, descanso, trabalho, descanso), para as mulheres mães agora há uma soma mais pesada: sem rede de apoio disponível, filhos em casa o dia todo, trabalho constante = exaustão.


Assim, com toda a carga de trabalho e dos filhos, além do peso do momento (psicológico, econômico, social e familiar), falta espaço para sequer pensar em si, quem dirá ter tempo pra isso.


Um exemplo básico é que 52% das mulheres com filhos não concluíram seus artigos científicos no período de pandemia, contra 38% de homens na mesma situação. A média de manuscritos tendo mulheres como primeira autora foi de 37% entre 2016 e 2020, mas caiu para 13% neste 1º trimestre de 2020, segundo o levantamento do projeto brasileiro Parent in Science de 2020.


Parece bobo, mas estamos falando de uma diminuição da produção científica e de mulheres precisando parar os estudos, projetos e sonhos.


Em resumo, mães precisam lidar com….

Falta de rede de apoio

Crise econômica

Desemprego

Fechamento de escolas

Carga mental

Trabalho de casa

Medo

Filhos

Violência doméstica


Pouco, né? E a resposta do (des)governo para tudo isso foi….


  • Diminuir o auxílio emergencial

Em 2020 foi R$ 1200,00 para mães solo, em 2021 já é R$ 375,00.


  • Cobrar abertura das escolas sem a menor condição sanitária.

Usando a desculpa de apoio às mães, houve pressão para abertura das escolas a todo custo - sem vacinar professores até o momento, é bom lembrar.



A resposta não é só abrir escolas e diminuir o auxílio! O que as mães precisam é de políticas que realmente as amparem.


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