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Parir é revolucionário

Atualizado: 6 de set. de 2021

por Gabi Bessone


um grito pelo direito de entender e sentir o milagre da vida como mulher e mãe



O natural se tornou causa de pânico. A desinformação sobre o parto é uma covardia com futuras crianças, mães e, de fato, com a sociedade. A imagem da mulher parindo é símbolo de todos os tabus que regem a humanidade, como a morte, a vida, o nascimento, o sexo... Ser mulher é carregar nas entranhas todos os pecados e todas as maravilhas de qualquer paraíso existente.

Nascer nos dias de hoje está cada vez mais ameaçador. Crianças são expostas a procedimentos invasivos desde o primeiro grito, em salas escuras e frias, com o sentimento de abandono e desespero por estarem sozinhas em mãos estranhas sem o aconchego do colo de suas mães.

De acordo com o ministério da saúde, em 2015 , dos 3 milhões de partos feitos no Brasil, 55,5% foram cesáreas. A taxa “ideal” definida pela organização mundial da saúde (oms) é de 10% e 15%. O parto deixou de ser um ato materno para ser um procedimento médico. Como mulheres e defensoras do bem-estar feminino devemos aumentar a conscientização sobre o uso deste tipo doloroso de intervenção apenas quando é realmente necessário. As sequelas de uma cirurgia de grande trauma para mãe e recém-nascido são de proporções inimagináveis. O amor que ali deveria ser sentido, virou apenas um procedimento corriqueiro na vida de médicos desumanos. Sim. Desumanos. A medicina não merece profissionais que definem o ato milagroso de parir em uma rotina. Desta forma podemos entender o pânico que é vir ao mundo, podemos escutar com piedade o grito daqueles bebês que só precisavam de conforto.

O parto se tornou um grande motivo de debate em áreas diversas, claramente por ser o ato mais selvagem e milagroso, vindo de mulheres. Isso assusta o patriarcado. Mulheres parindo do jeito que querem, da forma que querem, sentindo o que merecem sentir...O parto humanizado não é mais um produto do sistema. A humanização é um processo. Dar dignidade à mulher gestante, ao feto. Há décadas tentam hospitalizar o nascimento e enquadrar em um formato único o parto de mulheres totalmente distintas.

Humanizar é dar o protagonismo do parto à mulher, é ter facilidade de acesso a informações, é garantir a segurança daquela futura mãe e eterna guerreira. Não me refiro a banheiras cheias de flores, me refiro a apoio, cuidado, assistência e amor. Me refiro a um ambiente que conforte e acolha. Que nos de espaço pra sermos guiadas pelos nossos instintos. Somos dignas de entender as opções que temos antes de nos tornarmos mães. Humanizar é escutar o grito da mulher guerreira prestes a parir, é recepcionar uma nova vida com todo amor que queremos ver no nosso futuro.


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