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Seven Days in June e os amores da vida real

Atualizado: 2 de jun. de 2022

por Aretha Soyombo



Seven Days in June foi o segundo livro que eu li esse ano de 2022. Talvez eu pudesse escrever uma resenha sobre esse livro para ser publicada em junho, né, mas não aguentei esperar. Eu li o livro por indicação de uma colega de faculdade. Até então não conhecia Tia Williams, e o que dizer dessa autora que eu mal conheço e já considero pacas? Brincadeiras à parte, nessa resenha eu vou falar as minhas impressões sobre o livro, e como me tocou profundamente ver uma história de amor entre um casal negro ser contada com tanta naturalidade e realidade. Uma coisa que eu acho que nunca vi até então.


Antes de realmente começar a resenha, acho importante falar que Tia Williams teve a ideia de escrever o livro depois de assistir um filme de romance e parar pra perceber que ela nunca tinha visto algumas histórias do tipo serem contadas com casais negros. A autora disse que quando ela pensava ou lembrava dos livros, filmes da juventude dela que contavam histórias de amores impossíveis entre casais, paixões avassaladoras, eram sempre protagonizados por pessoas brancas, então ela decidiu escrever uma história assim, mas com personagens negros. Obrigada, Tia Williams.


O livro tem como protagonistas Eva Mercy e Shane Hall. Os dois se conheceram em 2004 quando ainda estavam no ensino médio, e viveram um romance, uma história intensa durante sete dias em junho. E acabou. Depois de 15 anos eles se reencontram num evento literário para autores negros e tudo vem à tona, mesmo depois de todo esse tempo, mesmo depois de tudo que aconteceu na vida dos dois. E então vamos descobrindo ao longo do livro se amores verdadeiros acabam, mudam ou recomeçam.

Se eu falar mais, eu vou dar muito spoiler do livro, e não vai ser legal. Se você ler essa resenha e não sentir tudo o que eu senti conforme eu fui lendo e descobrindo e me identificando cada vez mais com a Eva, e com o Shane e com a história dos dois a experiência vai ser um pouco desanimadora.


Pessoalmente falando, eu me sensibilizei muito, porque como eu já disse na resenha de “Amores verdadeiros” a questão de o que é o amor tem me pegado muito desde 2020. O amor verdadeiro dura pra sempre? Se ele muda, ele pode não ser mais um amor romântico. Qual a diferença entre amor e paixão? Enfim, várias reflexões. Além disso, uma das coisas que eu mais gostei, talvez o que eu mais gostei nesse livro da Tia Williams, foi ver como uma história de amor pode ser contada sem ser romantizada, sem aquela coisa perfeita, porque simplesmente não existem pessoas perfeitas. E como é importante e interessante essa história ser contada a partir de uma perspectiva de pessoas negras. Poxa vida, Aretha, de novo esse lance de perspectivas negras? Sim, de novo, porque eu acredito muito que a raça interfere em certas experiências que a gente vivencia ao longo da nossa vida.


E em Seven days in June eu achei muito bonito, delicado e natural a maneira como Tia Williams nos apresentou um casal negro com seus defeitos, seus traumas, seus problemas e como isso, em um certo ponto, em um certo momento afetou a maneira como os dois construíram a relação entre eles tanto em 2004 quanto em 2019.

Eu gosto muito de livros com histórias de amor, e quando eu falo sobre histórias de amor não necessariamente tem que ser um amor romântico, então outro ponto positivo para Seven days in June é a relação da Eva com sua filha de 12 anos, a Audre. Eu achei muito legal nós termos uma protagonista bem sucedida, não necessariamente rica, que é mãe solo, que tem 32 anos e uma filha de 12, que é divorciada e tem uma relação muito tranquila com o pai da filha dela, onde é muito claro que os dois não funcionaram como um casal, mas funcionam bem como pais da Audre. Novos formatos de família. Eu, pessoalmente, me identifiquei um pouco com a Eva pelo fato de ver que ela se fechou completamente para algumas áreas da vida dela e decidiu focar 100% na área profissional ou na criação da filha, e por um momento esqueceu um pouco dela mesma. Das relações dela com ela, das relações dela com o mundo. Inclusive, isso é um ponto que minha psicóloga disse para eu ter atenção em 2022, não focar demais só em uma área da vida...


A relação da Eva com a Audre também é linda pelo o fato de que você ao longo do livro consegue ver com muita clareza, como as vivências da Eva na infância afetaram diretamente a maneira a qual ela cria a própria filha.


Assim como eu disse em Insecure, eu amo, eu adoro quando referências negras são trazidas na obra de forma natural. Seven Days in June nos apresenta vários autores, cantores, séries que são importantes para a cultura negra norte-americana, e o mais legal é que é tudo muito atual, já que a história se passa em 2019.


Bom, eu sou uma mulher romântica, então eu amei e daria 5 estrelas para Seven days in June só por isso, mas se você não é do time dos últimos românticos, vale a pena a leitura também.

Infelizmente, ainda não tem tradução em português... Eu falhei em escrever essa resenha toda pra jogar a bomba no final né? Mas quem sabe esse texto não chega numa editora que tenha interesse em fazer a tradução dessa obra? Enfim, se você consegue ler em inglês, leia sem medo, a linguagem não é difícil, e se você ainda não lê em inglês, vamos ficar na torcida aguardando a tradução.


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