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Você sabe quem faz suas roupas?

  • Foto do escritor: gritaprojeto
    gritaprojeto
  • 2 de jul. de 2021
  • 2 min de leitura

por Beatriz Rodrigues


A moda é a segunda categoria de exportação que mais explora o trabalho forçado – ou seja, escravo -, segundo a pesquisa The Global Slavery Index 2018.

Se você não sabe quem faz suas roupas, vamos te contar: muito provavelmente, é uma mulher ou uma criança asiática ou sul-americana, em situação de pobreza, que trabalha até a exaustão por mais de 14 horas por dia, em um lugar pouco iluminado, sem pausas, para ganhar menos que 5 reais por peça, mesmo que a peça costurada custe quase 700 reais.


Parece que essa realidade ficou lá no século XIX, né? Mas não. Essa situação descrita não é ficcional, foi vivida por imigrantes bolivianos mantidos em situação de trabalho análogo à escravidão em uma fábrica da marca milionária Animale, em 2017. Achou chocante? Pois saiba que isso é mais comum do que você imagina. Estima-se que, só no Brasil, pelo menos 35 marcas queridinhas do povo estão envolvidas com trabalho escravo, como a Zara e a Renner.


A escravidão contemporânea, ao invés de correntes físicas, usa correntes psicológicas para manter os trabalhadores sob esse regime exploratório, aproveitando-se de situações de vulnerabilidade, como pobreza e imigração, e, mais uma vez, as mulheres são as mais afetadas. Os patrões ameaçam a vida e a família das costureiras, isolam-nas geograficamente, fraudam os pagamentos e fazem-nas contraírem dívidas para que sejam obrigadas a não largar o serviço.


Não é por acaso que milhares de fábricas fiquem em países com menos leis trabalhistas, como Bangladesh. Inclusive, foi lá que ocorreu uma das maiores tragédias do mundo da moda, o desabamento do edifício Raza Plaza, em que mais de 3 mil pessoas trabalhavam. Havia dias que os trabalhadores avisavam das péssimas condições do prédio e das fissuras que cresciam, mas, ainda assim, os ateliers se recusaram a fechar e parar a produção. Foi assim que mais de 1000 trabalhadores, 1000 vidas, morreram soterradas pelos interesses soberbos das grandes corporações.


A partir daí surgiu o movimento Fashion Revolution, que lançou mundialmente a pergunta “Quem faz minhas roupas?”. Fazer esse questionamento, em todas as lojas que consumimos, é o mínimo que podemos fazer para tentar mudar essa realidade exploratória. Mais do que pensar em uma moda consciente, precisamos pensar em uma moda responsável. Por isso, reflita bem sobre o que você está apoiando antes de comprar aquela blusinha baratinha naquele site chinês.


E aí, quem faz suas roupas? E mais importante, você se importa?


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